Por Sofia Aguiar e Victor Ohana, do Estadão Conteúdo
BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a admitir a possibilidade de disputar a reeleição presidencial em 2026 para evitar que “negacionistas” voltem ao poder. O chefe do Executivo disse que fará um esforço “incomensurável” para não deixar o negacionismo retomar a presidência.
“Se chegar na hora de decidir e eu perceber que negacionistas que destruíram esse país, que passaram a ideia para a sociedade de que o que vai melhorar esse país é vender água para o povo, fazer escola cívico-militar, mentir na internet, mentir sobre religião, sinceramente, vou fazer um esforço incomensurável para não deixar um negacionista voltar a presidir esse país”, disse o petista em entrevista nesta quinta-feira (20) à Rádio Verdinha, do Ceará.
Apesar de reconhecer a possibilidade, Lula negou que tenha se lançado candidato. Em sua avaliação, não é possível discutir sua candidatura em 2026 neste momento.
Uma das principais questões sobre sua candidatura diz respeito à saúde do petista. Na próxima disputa presidencial, Lula terá 80 anos. O presidente, contudo, diz que se considera “jovem” aos 78 anos. “Tenho conversado com Deus e pedido a ele que quero viver até os 120 anos”, comentou.
O chefe do Executivo evitou citar um nome que possa ser uma alternativa a ele em 2026. Em sua avaliação, se insinuar um nome, pode começar uma “briga interna” no governo. O petista comentou que todos seus ministros estão “preparados” para a função por terem grande experiência na política, mas destacou que a escolha deve medir o potencial dos adversários na disputa.
“Se pegar a qualidade dos ministros que eu tenho, tem ministros extraordinários, quase todos com muita experiência em prefeitura, secretariado, ministério, governo”, avaliou. “Qualquer um deles está preparado. Mas quando você vai definir a escolha de uma candidatura, você vai medir também o potencial dos adversários e ver qual tem mais chance”.
Eleições 2024
Lula admitiu que fará campanha nas eleições municipais, especialmente em cidades em que os adversários forem “negacionistas”. Contudo, o petista ponderou que precisará tomar cuidado para evitar que seus esforços na campanha gerem qualquer tipo de descontentamento no Congresso Nacional.
Ele afirmou que o papel do presidente da República exige mais cuidado e responsabilidade em pleitos eleitorais. Segundo ele, apesar de pertencer ao PT, há outros partidos políticos que compõem a base da gestão federal.
“Tenho que levar em conta se nas cidades, esses partidos que me apoiam estão disputando, levar em conta quem são os adversários”, afirmou. “Não posso ser pego de surpresa e ter um revés no Congresso Nacional de descontentamento”, acrescentou.
Para o pleito, o petista disse que continuará cumprindo seu horário de trabalho em Brasília e, após as 18h, “quando todo mundo tem direito a ir para casa, vou fazer campanha aos candidatos que acho que vão melhorar a vida do povo”.
Apesar de ter receio sobre sua posição no pleito, o presidente garantiu que, nas cidades em que adversários forem ‘negacionistas’, fará campanha. “Naquela cidade que o adversário for um adversário ideológico, adversário dos negacionistas, pode ter certeza que farei campanha”, afirmou.