Do ATUAL
MANAUS- O vereador Professor Samuel (PSD) gerou polêmica ao afirmar que “merenda [escolar] é merenda, não é almoço”. “Não posso querer encher [o aluno] de proteína e tal, senão o menino [aluno] chega em casa e nem almoça. Eu não sou contra, mas serve-se uma bolacha com suco e aí se é condenado porque, não eu acredito que está sendo acompanhado por profissionais competentes. Se existe falha, eu vejo um processo natural que precisa ser corrigido”, disse em discurso no plenário da Câmara Municipal de Manaus.
Samuel respondeu às reclamações da vereadora Professora Jacqueline (União) e de Elissandro Bessa (PSB) sobre má qualidade da merenda escolar servida na rede municipal de ensino na sessão plenária de quarta-feira (22). A vereadora e o vereador citaram que os estudantes estão comendo “bolacha com suco”.
Segundo Professor Samuel, “bolacha e suco é suficiente para servir aos alunos”.
Essa combinação de alimentos não é a adequada para crianças e adolescentes por serem pobres em nutrientes, afirma o nutricionista Thauã Malinowski. “Suco com bolacha ou biscoito, com certeza não é um lanche. Não é uma merenda adequada para crianças e adolescentes. Essa composição, essa junção, é pobre em nutrientes, vitaminas e minerais, que são importantes para qualquer fase de crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes”.
Thauã acrescenta que esse tipo de alimentação aos alunos não garante as energias suficientes para que eles aprendam, se concentrem na aula, pois por não conter nutrientes não “satisfaz” a fome. Também contém muito açúcar.
“Quando a gente pega um suco pobre em nutrientes, pobre em vitaminas, e quando a gente faz o suco, já há a perda. Então, é por isso que a quantidade de suco a ser tomado por refeição é no máximo 200 ml, e a gente sabe que às vezes um adolescente, uma criança, não vai se satisfazer com isso. Aí a gente vai falar agora da bolacha, dos biscoitos, que vão totalizar para aquele organismo só o quê? Açúcar. Então, o que a gente vai dar o para essas crianças? Muito açúcar”, afirma.
Segundo o nutricionista, a má alimentação pode gerar o “pico insulínico”, e, minutos depois, a pessoa vai estar novamente com fome e não vai ter concentração nas atividades escolares.
“E a gente acaba estimulando isso com o tempo, dando esse lanche, dando essa merenda por muito tempo. Então, a gente acaba criando um vício nessas crianças. O que seria adequado é fazer substituições saudáveis”, diz o nutricionista.
Para alunos que frequentam um turno, o ideal, segundo Thauã, são sucos naturais, iogurte, cookies caseiros, mini sanduíche, bolo de banana (ou outra fruta), salada de frutas, palitinhos de tapioca, entre outras, que ajudariam a melhorar a qualidade nutricional dessas crianças e adolescentes.
Para escolas de tempo integral, o ideal é almoço, com arroz, feijão, carne ou frango.