O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou à Polícia Federal que publicou um vídeo questionando a lisura das urnas eletrônicas em suas redes sociais por engano. Representantes de sua defesa alegaram à corporação que ele estava sob efeito de medicamentos quando fez a postagem, por ter sido hospitalizado. A informação é da Folha de S.Paulo.
Os advogados de Bolsonaro disseram que ele recebeu o vídeo e queria guardá-lo para assistir depois, mas acabou fazendo a publicação por engano. Ele não teria se dado conta de que o vídeo foi compartilhado e auxiliares removeram o conteúdo em seguida.
Ele foi intimado pela PF por ter compartilhado um vídeo golpista dois dias depois dos ataques terroristas de 8 de janeiro em Brasília. Ele permaneceu na sede da corporação e prestou depoimento por mais de duas horas no âmbito da investigação que apura a invasão da Praça dos Três Poderes na data. O inquérito mira os autores intelectuais do ataque.
Nesta terça (25), o ex-presidente passou a tarde reunido com advogados e assessores para treinar as respostas que daria na oitiva. A ideia de sua defesa é que ele ficasse em silêncio sobre quase todos os assuntos, exceto a acusação da Procuradoria-Geral da República, que fez uma representação citando o art. 286 do Código Penal, que prevê detenção de 3 a 6 meses a quem incita a prática de crime.
A previsão de seus assessores era de que os investigadores ainda abordariam temas como o incentivo a acampamentos golpistas em frente a quartéis-generais do Exército e a minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Foi decidido que ele ficaria em silêncio sobre esses assuntos.
Joias
Perguntados sobre o caso das joias e dos presentes dados ao ex-presidente pelo governo da Arábia Saudita – e guardados na casa do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet – os advogados negaram qualquer irregularidade. Com relação aos kits de joias, a defesa disse que, nem Bolsonaro, nem a esposa, Michele, sabiam de sua existência.
“Eles só souberam disso 14 meses depois [da entrada dos kits no país]”, afirmou o advogado Fábio Wajngarten no momento em que Bolsonaro já deixava o prédio da PF.
“O acervo se encontra temporariamente armazenado na fazenda do Nelson Piquet porque o presidente não tinha [na época] nem casa. Depois, ele [o kit com joias] seria remetido a outro lugar, para armazenamento adequado”, acrescentou.
Ainda segundo o advogado de defesa, o pedido – para que as joias apreendidas pela Receita fossem entregues a representantes do governo – foi feito “uma única vez ao ajudante de ordens, a fim de evitar um vexame internacional, de um presente dado ao presidente do Brasil ir a leilão”, disse Wajngarten.
Ele acrescentou não ver motivos para a ex-primeira dama Michele Bolsonaro ser intimada pelos investigadores.
Segundo o outro advogado de defesa de Bolsonaro, Daniel Tesser, os kits com as joias foram recebidos pela comitiva brasileira em outubro de 2022. O conjunto apreendido foi o feminino, contendo um colar, um par de brincos, um anel, um relógio de pulso e um pedestal no formato de um cavalo. “Até então não se sabia o que havia ali”, disse Tesser.
O kit feminino estava na mochila do então chefe do escritório de representação do Ministério de Minas e Energia (MME) no Rio de Janeiro, o militar Marcos André Soeiro. Já o masculino (e outros presentes) estava na mala de mão do ex-ministro do MME Bento Albuquerque, e foi liberado.
Com informações da Agência Brasil e BdF