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Fotógrafo do "Homem do Tanque" lembra massacre da Praça da Paz Celestial

No 35º aniversário do massacre da Praça da Paz Celestial, Jeff Widener conta ao Correio como fez a foto que se tornou símbolo da repressão, viralizou em todo o mundo e foi escolhida como as imagens mais importantes do século passado

Publicada em 05/06/24 às 19:07h - 22 visualizações

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 (Foto: Rádio Rir Brasil Amazonas - Direção:Eneida Barauna e Ronaldo Castro - 92 98607-0010)
Manifestante pró-democracia se posiciona diante de coluna de tanques da China, na Praça da Paz Celestial, em 4 de junho de 1989 - (crédito: Jeff Widener)

Há 35 anos, naquele 4 de junho de 1989, os olhos de Jeff Widener foram testemunhas da história. O então editor de fotografia para o Sudeste Asiático da Associated Press registrou uma das imagens mais simbólicas do século 20, que ganhou o apelido de "Homem do Tanque". A foto, que mostra um ativista anônimo à frente de uma coluna de tanques, tornou-se símbolo do massacre da Praça da Paz Celestial, em Pequim, quando 10 mil manifestantes pró-democracia foram assassinados pelo Exército de Libertação Popular chinês, segundo documentos do Reino Unido. O número exato jamais foi divulgado pelas autoridades da China. Widener tinha 33 anos e não imaginou o poder daquela imagem, que viralizou mundo afora. Ainda hoje, aos 68 anos, ele é procurado pelos principais veículos de mídia do mundo para dar o seu depoimento. No 35º aniversário do massacre da Praça da Paz Celestial, Widener falou ao Correio, por e-mail. 

Do que o senhor se recorda daquele 4 de junho de 1989? Imaginava que poderia ocorrer um massacre na Praça da Paz Celestial?
Naquela época, eu era editor de fotografia para Sudeste da Ásia da Associated Press. Eu estava bastante ciente da história em desdobramento sobre os manifestantes estudantes em Pequim. Tive acesso negado ao país pela Embaixada da China em Bangcoc. Então, voei para Hong Kong e recebi novo passaporte, dessa vez sem carimbos de jornalista.  Em um primeiro momento, a atmosfera na Praça Tiananmen (ou Praça da Paz Celestial) ocupada se assemelhava à de um carnaval. Todo mundo estava tão feliz e tudo parecia possível. Com o passar dos dias, as tensões entre o Exército de Libertação Popular e os manifestantes se acirraram. Nas primeiras horas de 4 de junho, fui golpeado no rosto por uma pedra lançada por um manifestante, durante um incidente em que um carro blindado foi incendiado. Foi quando minha câmera acabou esmagada e tive uma concussão. De qualquer modo, a câmera de titanio Nikon F3 absorveu o impacto e salvou minha vida.
Jeff Widener, autor da icônica foto: anos depois, viu a imagem selecionada como uma das mais emblemáticas da história
Jeff Widener, autor da icônica foto: anos depois, viu a imagem selecionada como uma das mais emblemáticas da história
(foto: Arquivo Pessoal)
Quando foi exatamente que o senhor percebeu a presença de um homem diante dos tanques? O que sentiu ao ver aquela cena? 
Naquele momento, eu estava sofrendo com uma forte gripe e uma concussão causada pelo incidente com o carro blindado incendiado. Então, tudo ao meu redor parecia surreal. Apenas me dei conta de que os tanques atropelariam o homem ou dispararían contra ele. Eu usava uma câmera Nikon FM com lentes de 400mm, no sexto andar do Hotel Pequim, mas o alvo da imagem estava distante demais. Então, tive que apostar, correr até a cama e pegar um duplicador de lente, que me daria uma distância focal de 800mm. Aquilo me proporcionou uma compressão muito dramática.

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