A Cúpula da Amazônia que será realizada em Belém na semana que vem (a partir do dia 8) deverá ser marcada não apenas pelas prováveis convergências sobre a necessidade de preservação da Amazônia, mas por divergências e uma contradição: o que fazer com as enormes reservas de petróleo já descobertas nos países da região?
De um lado, há um grupo formado por países como Venezuela e Brasil, que têm significativas reservas de petróleo e que não dão demonstrações de que pretendem deixar de explorar os recursos no curto e no médio prazo.
A esse "clube" se somam dois recém-chegados, Suriname e Guiana. Nesses países foram descobertas reservas de bilhões de barris de petróleo nos últimos oito anos e que geraram expectativa sobre um futuro ancorado nos petrodólares.
Do outro lado está a voz dissonante da Colômbia que anunciou o fim da liberação de novas licenças para explorar petróleo no início deste ano como uma forma de mover sua economia na direção da chamada transição energética - a passagem de uma matriz energética focada na queima de combustíveis fósseis para uma baseada em fontes renováveis.
Especialistas consultados pela BBC News Brasil avaliam que a cúpula poderá ser marcada por uma visível contradição: ao mesmo tempo em que países da região como o Brasil se colocam como protagonistas na luta contra a mudança climática, eles mantêm projetos que preveem a abertura de novos poços de petróleo, inclusive em áreas sensíveis como a região amazônica.