Conhece o típico comportamento de crianças quando perdem um jogo de futebol entre amigos e recolhem a bola ? Pois esta é a comparação mais próxima que se pode fazer com as descobertas que estão sendo feitas pela Polícia Federal após apreensão do aparelho de celular do ex ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid.
Mensagens trocadas entre Cid e o ex major do exército Ailton Barros,preso na operação que investiga a suspeita de fraude nos cartões de vacinação de Bolsonaro, sua filha e outros assessores, revelam que a possibilidade da instalação de um golpe de estado foi discutida entre os dois. Na conversa, a principal possibilidade seria a da ativa participação do então Comandante do Exército Freire Gomes ou em caso de negativa, pelo próprio Ex mandatário da República.
Nos áudios encontrados, é possível compreender que na trama desenhada pelos aliados, seria considerada até mesmo a prisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal e do também presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Morais.
O teor das mensagens deixa claro que havia literalmente um plano previamente desenhado, contendo detalhadamente a forma com que deveriam agir para concretizar o desejo de impedir que o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fosse empossado.
"Até amanhã à tarde, ele aderindo… bem, ele faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil” diz Ailton Barros.
Na sequência, Barros salienta que eles possuíam a "Caneta e a força (do exército).
“Pô (sic), não é difícil. O outro lado tem a caneta, nós temos a caneta e a força. Braço forte, mão amiga. Qual é o problema, entendeu? Quem está jogando fora das quatro linhas? Somos nós? Não somos nós. Então nós vamos ficar dentro das quatro linhas a tal ponto ou linha? Mas agora nós estamos o quê? Fadados a nem mais lançar. Vamos dar de passagem perdida?” questiona.
As falas prosseguem, e Ailton afirma que caso fosse necessário, a ação deveria ocorrer mesmo que fora das "quatro linhas", termo amplamente utilizado por Bolsonaro para justificar que estaria agindo dentro da lei.
“Nos decretos e nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele”
A intenção era fazer a leitura do então decreto de Garantia da Lei e da Ordem, dando "posse" às Forças Armadas, cujo "Chefe Supremo" é, de acordo com a Constituição, o Presidente da República.
Até o momento não se sabe quais foram as respostas dadas por Mauro Cid.