O dia 23 de abril, Dia Mundial do Livro, é uma data escolhida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para celebrar o livro, incentivar a leitura, homenagear autores e refletir sobre seus direitos legais.
A data comemorativa é simbólica e tem origem na história da literatura mundial. Foi no dia 23 de abril que morreram três grandes escritores: o inglês William Shakespeare, o espanhol Miguel de Cervantes e o peruano Inca Garcilaso de La Vega.
A história do livro é tão antiga quanto a história da escrita. Desde 6 mil anos atrás já surgiam os primeiros "protótipos" de livros. O que foi modificado, até o objeto livro que conhecemos hoje, foi o material e a técnica escolhida para grafar as letras do alfabeto a partir das inúmeras inovações.
Ou seja, antes era gravado pelos povos antigos (babilônios, egípcios, gregos, sumérios, etc) em placas de argila, cascas de árvore, pedra, madeira, barro, folhas de palmeiras. Posteriormente, o suporte para a impressão dos textos foi o papiro (planta mais resistente), pergaminhos (pele de animal), códices (manuscritos de madeira), folhas de papel , até chegarem na era digital dos livros eletrônicos.
No Egito antigo, os "escribas" ou “escrivães" eram pessoas responsáveis pela leitura e produção dos textos nos papiros, espécies de plantas usadas desde 2.500 A.C., por sua vez, constituíam um grande rolo de folhas pregadas umas às outras. Foi por esse motivo, do demasiado volume, que surgiram os pergaminhos, suportes de peles de animais (carneiro, cabra, ovelha, etc), muito utilizados pelos "monges copistas" da Idade Média.
O livro, um produto intelectual, surgiu da necessidade dos povos de guardar o conhecimento e passá-los de geração em geração. É um objeto de enorme valor cultural e histórico, muito importante para a disseminação do conhecimento no mundo. Nesse sentido, vale lembrar que na Idade Média os livros eram considerados objetos de imenso valor e por isso, acessível somente para uma pequena parte da população (nobreza e clero). Além disso, muitos livros eram considerados impróprios pela Igreja Católica: a maioria dos livros eram de religião, enquanto outros de história, astronomia, literatura e filosofia, ficavam restritos a um número menor ainda.
Nesse contexto, é importante destacar que a maioria das pessoas não sabia ler ou escrever, o que dificultava ainda mais a disseminação desse conhecimento. Um fato muito importante que ocorreu em fins da Idade Média, ou ainda, da passagem da Idade Média para a Idade Moderna, foi o surgimento da imprensa, em meados do século XV. Na Europa, fatores como o declínio do sistema feudal, o surgimento da burguesia e as reformas protestantes foram afastando as imposições da Igreja e abrindo um leque de possibilidades para as pessoas, que, ao mesmo tempo, se sentiam impossibilitadas de expressarem suas opiniões.
Esses acontecimentos impulsionaram a elaboração de método de impressão tal qual a prensa móvel, primeiro descoberta na China por Pi Sheng, depois pelo alemão Johannes Gutenberg (1398-1468). A partir de sua técnica, jamais antes vista pela população inglesa, foi o gatilho necessário para permitir o acesso aos livros ao restante da população.
A partir daí, a popularização do livro ganhou força no mundo inteiro, considerado atualmente um dos objetos mais importantes de acesso ao conhecimento. Com o tempo, foram surgindo livros didáticos, livros de histórias infantis, livros de poesia, dentre outros. Hoje, quando entramos numa biblioteca ou livraria, é difícil de imaginar que se estivéssemos na Idade Média, estaríamos adentrando um mundo quase intocável, mágico e místico. No entanto, é muito complicado para nós, seres do século XXI, pensarmos nesse contexto, uma vez que a popularização do livro ganhou proporções massivas.
No Brasil, o livro foi introduzido no período pré- colonial pelos portugueses, sobretudo pelos jesuítas, figuras que participaram da colonização indígena, bem como da educação formal no país. Já no século 20, o escritor e editor pré-moderno Monteiro Lobato foi responsável pela maior divulgação dos livros no país, segundo ele: "uma país é formado por homens e livros".
Os livros têm sido instrumento fundamental no desenvolvimento intelectual e espiritual de pessoas por todo o mundo. É através das páginas dos livros que podemos conhecer diferentes histórias, realidades, pessoas e culturas, sem precisar sair do lugar.
No início, na época das cavernas, os homens primitivos já registravam, ao seu modo, o cotidiano. Eram as chamadas pinturas rupestres, que já indicavam que, desde o princípio, o ser humano tinha noção de proporções e senso artístico. No entanto, só foi possível registrar a história da humanidade, de fato, a partir do surgimento da escrita. Ou seja, a partir de 5 mil anos atrás.
Com a escrita, o ser humano passou a conseguir registrar sua história por meio de documentos e dos primeiros livros. No entanto, nessa época, os livros ainda eram muito diferentes do que estamos habituados a ver hoje, pois dependiam dos materiais que cada sociedade tinha à sua disposição. Na região do oriente, foram encontrados os primeiros livros, feitos pelo povo sumério, a partir do barro, na forma de pequenas lajotas. Enquanto isso, os egípcios, povo vizinho aos sumérios, escreviam seus livros sobre papiro, formando rolos de até 20 metros de comprimento! A maior biblioteca da antiguidade foi a de Alexandria, com 700 mil livros em rolos de papiro.
No Brasil, 18 de abril é a data escolhida para celebrar o Dia Nacional do Livro Infantil. Nesse dia, em 1882, nasceu o escritor Monteiro Lobato, considerado o pai da literatura infantil brasileira. Portanto, é uma data que celebra esse tipo de literatura e homenageia esse escritor, autor não só de textos para crianças, apesar de ser mais conhecido por eles.
Monteiro Lobato (1882-1948) não escreveu apenas para o público infantil. Sua literatura para muitos está inserida no pré-modernismo, período literário que compreende os anos de 1902 a 1922. No entanto, escrever para crianças deu a ele projeção nacional. Principalmente, após a sua morte, quando a série Sítio do Picapau Amarelo foi adaptada para a televisão.
Nos dias de hoje, como se dá a criação de uma obra literária? Vejamos um passo a passo com todas as etapas até a publicação de um livro:
1 - Tudo nasce com uma ideia. Cada escritor tem seu próprio tempo para amadurecê-la, mas o processo sempre envolve muita pesquisa, escrita e autoanálise do material. Quando ele acha que o conteúdo já está pronto para ser lido por outras pessoas, envia-o para uma editora que publica livros naquela área.
2 - O departamento analisa o manuscrito. O conteúdo tem qualidade? Há interesse por esse assunto no mercado? Existem títulos concorrentes? Dentre as centenas de obras recebidas, são priorizadas aquelas de escritores conhecidos ou blogueiros populares. Geralmente só 2% das 800 mil propostas entregues às editoras se tornam livros.
3 - Aprovado o material, a editora propõe um contrato de uso dos direitos autorais ao escritor. Geralmente, ele estipula que a empresa detém apenas os direitos sobre a apresentação gráfica e a comercialização do livro, por um período médio de 5 anos. Se mais de 50% da obra envolver imagens, também ocorre um contrato para o fotógrafo ou ilustrador.
4 - Só então começam as mudanças no teor da publicação para deixá-la mais atraente ao leitor: eliminar um personagem, ampliar uma subtrama, etc. Essa preparação editorial é feita pelo editor, pelo produtor e pelo checador de dados técnicos. Enquanto isso, outra equipe discute os elementos visuais do produto: o tamanho da folha, o tipo de letra, a qualidade do papel.
5 - Com a aprovação unânime da organização do livro pelas equipes de editoração, publicidade e arte, são feitas a diagramação e a revisão do texto. A primeira consiste em distribuir capítulos, imagens e tipografias em folhas encadernadas. A segunda é a correção dos erros ortográficos. A essa altura, designers, revisor e produtor editorial trabalham juntos.
6 - Paralelamente, às últimas etapas, é produzida a capa do livro. Ela é feita pelo capista, que pode ser um membro da equipe do projeto gráfico. Quando é um profissional renomado, tem autonomia em suas decisões. Mas é comum ele trabalhar sob orientação do editor de texto para criar um visual que represente corretamente o tema da obra e o perfil da editora.
7 - A obra pré-acabada passa por uma avaliação de teor e aparência, feita por um leitor crítico. Existe também a prova de impressão para examinar a qualidade estética do produto e corrigir possíveis erros. Tudo aprovado? Então o livro é convertido em um arquivo PDF (formato digital que não permite alterações) que é encaminhado à gráfica para tiragem em série.
8 - Impresso, o livro é negociado e divulgado no distribuidor pelo agente literário. O preço da unidade é estipulado pela editora, mas 50% desse valor destina-se às livrarias revendedoras. A tiragem média, para um título novo, é de 8 mil exemplares. Desse total, metade é vendida ao leitor pelas grandes redes, a outra fica em estoque nos galpões do fabricante. A edição e produção de um livro de 500 páginas leva de 30 a 60 dias. Da impressão na gráfica às lojas, mais 15 dias.