Por Rodrigo Sampaio, do Estadão Conteúdo
SÃO PAULO – É possível afirmar que a Olimpíada de Paris-2024 seria bem diferente para o Brasil se não fossem as mulheres. As atletas brasileiras são responsáveis diretas por nove das 13 medalhas conquistadas pelo País na capital francesa, contra três alcançadas por competidores homens.
Nesta terça-feira (6), elas garantiram mais um pódio após a seleção brasileira feminina de futebol bater a Espanha e avançar à disputa pelo ouro – o time masculino sequer se classificou para jogar a Olimpíada.
A principal estrela brasileira em Paris foi Rebeca Andrade. Em sua terceira participação em Jogos Olímpicos, a ginasta de 25 anos conquistou quatro medalhas, sendo uma de ouro, duas de prata e outra de bronze.
Em seu maior momento na competição, desbancou a norte-americana Simone Biles no solo e foi reverenciada pela adversária no momento de subir ao pódio. O desempenho da atleta na atual edição garantiu a ela o posto de maior medalhista olímpica da história do Brasil, com seis pódios.
Quem também viveu o ápice em Paris foi a judoca Beatriz Souza, medalha de ouro na categoria acima de 78 quilos. Em sua primeira participação em uma Olimpíada, a atleta de 26 anos teve uma trajetória consistente até o pódio. Ela derrotou Romane Dicko, atleta da casa, por ippon, nas semifinais, enquanto na decisão bateu a israelense Raz Hershko, segunda do ranking mundial.
Outra atleta a estrear no pódio é Larissa Pimenta. Em sua segunda Olimpíada, a atleta do Pinheiros de 25 anos ficou com o bronze após derrotar a italiana Odette Giuffrida na disputa pelo terceiro lugar. Tanto ela quanto Bia Souza levaram outra medalha de bronze na disputa por equipes, cuja principal personagem foi outra mulher: Rafaela Silva. Ouro no Rio-2026, a experiente judoca não conseguiu triunfar no individual, mas acertou waza-ari que garantiu a vitória por 4 lutas a 3 sobre a Itália.
Beatriz Ferreira foi quem melhor representou o Brasil no boxe. Depois dos insucessos de Keno Marley e Abner Teixeira, favoritos ao pódio, a boxeadora voltou a repetir a boa participação apresentada em Tóquio, em 2021, quando foi bronze, mas desta vez indo até a final e ficando com a prata.
Quem também ficou com o segundo lugar em Paris foi Tatiana Weston-Webb, que superou a líder do ranking mundial Caitlin Simmers no caminho até o pódio, se tornando a primeira brasileira medalhista da modalidade.
Prata em Tóquio, Rayssa Leal também correspondeu às expectativas por medalha e subiu novamente ao pódio. A maranhense de 16 anos chegou a ficar em um cenário difícil na final do skate street feminino, mas conseguiu reverter a situação com boas manobras e ficou com o bronze.
Além do futebol, cuja medalha já está garantida, o Brasil tem grandes chances de conseguir medalhas nas categorias femininas com Ana Patrícia e Duda, semifinalistas do vôlei de praia, e com a seleção brasileira de vôlei de quadra, também garantida na semi. Outra com boas chances de pódio é Ana Marcela Cunha, ouro em Tóquio, e que defenderá o título olímpico da prova de águas abertas na quinta-feira.
Quadro de medalhas
Até a manhã desta quarta-feira, o Brasil figurava na 17ª colocação no quadro de medalhas, com 13 pódios no total. Num hipotético quadro somente com as conquistas das mulheres, o País subiria para o 10º posto, com nove medalhas. Estados Unidos e Austrália ocupariam os primeiros lugares, com 48 (15 de ouro) e 23 (12) pódios, respectivamente.
Confira abaixo as medalhas conquistadas por mulheres brasileiras em Paris:
Rebeca Andrade (ginástica artística): 1 ouro (solo), 2 pratas (individual geral e salto) e 1 bronze (equipes)
Bia Souza (judô, acima de 78 quilos): 1 ouro e 1 bronze (equipes)
Larissa Pimenta (judô, até 52 quilos): 2 bronzes (1 individual e por equipes)
Bia Ferreira (boxe, até 60 quilos): 1 prata
Tatiana Weston-Webb (surfe): 1 prata
Rayssa Leal (skate street): 1 bronze
Medalhas conquistadas por homens brasileiros em Paris
Willian Lima (judô, até 66 quilos): 1 prata (individual) e 1 bronze (equipes)
Caio Bonfim (marcha atlética): 1 prata
Gabriel Medina (surfe): 1 bronze