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Prefeituras não sabem criar soluções para lixões urbanos, afirma sociólogo

Publicada em 03/08/24 às 10:33h - 27 visualizações

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Prefeituras não sabem criar soluções para lixões urbanos, afirma sociólogo
 (Foto: Rádio Rir Brasil Amazonas - Direção:Eneida Barauna e Ronaldo Castro - 92 98607-0010)
Lixão de Itacoatiara, no Amazonas: poluição ambiental e risco de proliferação de doenças (Foto: Prefeitura de Itacoatiara/Divulgação)
Por Milton Almeida, do ATUAL

MANAUS – Terminou nesta sexta-feira (2) o prazo estipulado pela Lei Federal nº 12.305/2010 que estabelece normas para que os municípios brasileiros acabem com os lixões a céu aberto e deem destinação correta ao lixo urbano. O prazo é para municípios com população inferior a 50 mil habitantes registrada pelo Censo do IBGE.

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Especialista ouvido pelo ATUAL afirma que lixões e aterros sanitários são problemas ambientais persistentes porque as prefeituras não sabem criar soluções para os resíduos urbanos. Também se contentam em manter os arranjos que têm, como os aterros em que o lixo é compactado, mas no subsolo gerando risco de contaminação do solo e mananciais de água.

Para o sociólogo Luiz Antonio Nascimento, a coleta de lixo é uma alternativa que permite a destinação correta do lixo. “Se você procurar uma latinha na rua, você não vai encontrá-la. Por que? Porque esse tipo de lixo tem valor de mercado, ela faz parte da economia local. Então, se a prefeitura criar fábricas de processamento de resíduos urbanos, por exemplo, em um curto prazo de tempo, você reduziria o volume de lixo coletado”, diz o especialista.

Segundo o professor da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), as prefeituras “não sabem” realizar projetos para dar solução aos lixões. “O Ministério das Cidades tem volumes de recursos para essas questões. Recursos que não são acessados porque as prefeituras não sabem elaborar projetos ou elas não têm interesse em acessar os recursos porque estão satisfeitas com os arranjos que elas têm. Arranjos poluidores e causadores de doenças”, diz Luiz Antonio.

Conforme o SNIS (Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico) de 2023, com base em dados de 2021, a Região Norte tem 279 lixões. Em relação aos aterros controlados que, assim como os lixões são considerados inadequados conforme as normas ambientais vigentes no país, há 42 unidades na Região Norte. A soma de lixões e aterros controlados equivale a 14,8% das lixeiras expostas existentes no país.

No aterro sanitário, lixo tem três tipos de destinação (Foto: Semcom/Divulgação)
No aterro sanitário, lixo tem três tipos de destinação (Foto: Semcom/Divulgação)

Sobre a distribuição de aterros sanitários, que é a tecnologia de disposição final de rejeitos adequada e licenciada pelos órgãos de fiscalização e controle, a Região Norte tem 16 unidades, que equivalem a 2,4% das unidades no Brasil.

O secretário municipal de Meio Ambiente de Manaus, Antonio Stroski, diz que a maioria dos municípios do Amazonas tem uma população inferior a 50 mil habitantes. “Eu diria 80% ou mais dos nossos municípios têm essa população e eles podem ser contemplados em um processo que chamamos de ‘aterro de pequeno porte’, até 20 toneladas de resíduos sólidos urbanos ao dia. Inclusive, para esses municípios de pequeno porte, existe uma resolução do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente – Resolução nº 404, de 11 de novembro de 2008) que simplifica o licenciamento. Isso é uma boa iniciativa que incentiva os municípios a resolver o problema”, diz Stroski.

O aterro sanitário de Manaus, segundo Stroski, é considerado de “grande porte”, com aproximadamente 2,7 mil toneladas de resíduos sólidos despejados por dia. O tempo de uso foi prorrogado por mais quatro anos por decisão do TJAM (Tribunal de Justiça do Amazonas).

A área está localizada na rodovia AM 010 (Manaus-Itacoatiara) e, conforme Stroski, a Prefeitura cumpre os acordos e compromissos “alinhados” com a Justiça. “Para cuidar desse compromisso que foi alinhado com o MPE (Ministério Público Estadual) e deferido pela justiça do Amazonas, temos uma comissão coordenada pela PGM (Procuradoria Geral do Município) para que a prefeitura apresente uma alternativa para o aterro em operação, no quilômetro 19, da rodovia AM 010”, diz.

Esse é o prazo para a adoção de nova tecnologia que substitua o atual depósito de lixo e crie nova gestão dos resíduos sólidos urbanos.

Usina produz energia a partir do gás metano gerado no aterro sanitário (Foto: Semcom/Divulgação)
Usina produz energia a partir do gás metano gerado no aterro sanitário de Manaus (Foto: Semcom/Divulgação)

“Onde será o novo aterro municipal e como será é um processo técnico e complexo. O aterro de Manaus é um aterro considerado grande e nós temos uma hidrografia complexa, com a presença de igarapés, nascentes, área de vegetação de mata primária, protegida… Tem que haver todo um estudo preliminar. Tudo isso tem que ser discutido com a população, a academia, o ministério público e a justiça”, diz Stroski.

Segundo o secretário de Qualidade Ambiental no MMA (Ministério do Meio Ambiente), André França, lixões e aterros sanitários estão em uma mesma categoria. “O lixão e o aterro controlado são muito parecidos e ambos não têm a ver com o aterro sanitário. O lixão não tem controle nenhum e o aterro controlado, como diz o nome, tem até um certo controle, mas sem garantia de adequação ambiental”, diz. “Para não confundir, colocamos de um lado o lixão e o aterro controlado, que é a destinação irregular, e do outro o aterro sanitário, que é uma obra de engenharia preparada para isso”, complementa.

Lista dos municípios do Amazonas com menos de 50 mil habitantes, segundo Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Dados enviados pela AAM (Associação Amazonense de Municípios): 48 municípios.

Alvarães          15.866

Amaturá          10.819

Anamã             9.962

Anori               17.194

Apuí                 20.647

Atalaia do Norte15.314

Barcelos          18.834

Barreirinha     31.051

Benjamin Constant     37.648

Beruri              20.718

Boa Vista do Ramos    23.785

Boca do Acre              35.447

Borba              33.080

Caapiranga     13.469

Canutama       16.869

Carauari          28.742

Careiro             30.792

Careiro da Várzea       19.637

Codajás           23.549

Eirunepé         33.170

Envira              17.186

Fonte Boa       25.871

Guajará           13.815

Ipixuna            24.311

Itamarati         10.937

Itapiranga       10.162

Japurá             8.858

Juruá               10.742

Jutaí (AM)       25.172

Manaquiri       17.107

Maraã             15.529

Nhamundá      20.136

Nova Olinda do Norte             27.062

Novo Airão      15.761

Novo Aripuanã           23.818

Pauini (AM)                 19.373

Presidente Figueiredo            30.668

Rio Preto da Eva         24.936

Santa Isabel do Rio Negro      14.164

Santo Antônio do Içá              28.211

São Paulo de Olivença           32.967

São Sebastião do Uatumã      11.670

Silves               11.559

Tapauá             19.599

Tonantins        19.247

Uarini              14.431

Urucará           18.631

Urucurituba    23.945





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