Por Milton Almeida, do ATUAL
MANAUS – A escassez do tucumã (Astrocaryum aculeatum) na mesa dos consumidores amazonenses se deve a dois fatores: falta de plantação do fruto e desconhecimento técnico da aplicação de tecnologias no processo do plantio. A solução está na irrigação artificial, diz o pesquisador Jeferson Luis Macedo, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) no Amazonas.
“Infelizmente, o tucumã não é plantado. Os produtores não plantam, eles tiram da floresta. Além disso, o produtor não quer esperar sete anos para tirar o primeiro cacho do tucumanzeiro. Quando você fala isso, os produtores dizem que é muito tempo”, relata o engenheiro agrônomo e especialista em cultivo de palmeiras nativas da Amazônia.
Jeferson Luis acrescenta que a Embrapa desenvolveu uma técnica para acelerar a germinação das sementes de tucumã.
O pesquisador reconhece que o clima amazônico, que oscila entre estiagem e muita chuva, tem influência na produção, mas existem práticas sustentáveis na agricultura que solucionam a escassez do tucumã.
“Tem um período do ano, que é agosto, setembro e outubro, que falta o fruto praticamente em todo o estado porque é o período mais seco, isto é, ocorre um déficit hídrico natural e a planta não produz pela falta de água”, diz.
O especialista em palmeiras amazônicas afirma que o processo de cultivo do tucumã deve ser o mesmo do cupuaçu que hoje possui um material genético que permite alta produção e tecnologia para plantação.
“A irrigação é uma técnica milenar e no Amazonas ninguém quer irrigar. Mas com as mudanças climáticas globais que estão ocorrendo, temos que fazer alguma coisa. Com a irrigação nós conseguiremos produzir frutos de janeiro a janeiro e não vai faltar”, afirma.
Outra situação citada pelo pesquisador é que não existe ainda iniciativas particulares e públicas para investir em tecnologia na cadeia do tucumã. “A tecnologia existe, mas ninguém está adotando isso, porque predomina a produção extrativista. O consumo do tucumã ainda é muito in natura e temos que agroindustrializar a produção”.
O tucumã pode ser explorado de forma variada e produz renda para o produtor rural e as famílias com a preparação de pratos típicos, sorvetes, sanduíches, cosméticos, mas ainda há um desconhecimento sobre o cultivo.
“O que acontece hoje com o tucumã é que as pessoas estão colhendo o cacho verde ou meio verde e forçando o amadurecimento do fruto com carbureto, o que prejudica a qualidade”, diz o especialista.