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Criação do Fórum de Educação Escolar Indígena é tema de roda de conversa, no município de Tefé/AM

Professores indígenas de Tefé entendem que o Fórum será um espaço de lutas coletivas para o fortalecimento do movimento indígena

Publicada em 12/04/23 às 19:51h - 12 visualizações

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Criação do Fórum de Educação Escolar Indígena é tema de roda de conversa, no município de Tefé/AM
POR FÁBIO PEREIRA, DO CIMI REGIONAL NORTE 1/EQUIPE DE TEFÉ  (Foto: Rádio Rir Brasil Amazonas - Direção:Eneida Barauna e Ronaldo Castro - 92 98607-0010)
POR FÁBIO PEREIRA, DO CIMI REGIONAL NORTE 1/EQUIPE DE TEFÉ

Professores indígenas do município de Tefé, no Amazonas, realizaram uma roda de conversa, na última segunda feira, dia 27 de fevereiro, sobre a educação escolar indígena no município e região. O tema “A educação é um direito e tem que ser do nosso jeito!”, orientou os debates que propôs a criação do Fórum Municipal de Educação Escolar Indígena de Tefé (FOMEEIT).

O evento contou com a participação de professores indígenas dos povos Kokama, Kambeba, Ticuna e Miranha, além de representante da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai-CTL Tefé), da Associação das Mulheres Indígenas do Médio Solimões e Afluentes (AMIMSA), da União dos Povos Indígenas do Médio Solimões e Afluentes (UNIPI-MSA), da Articulação dos Povos Indígena da Cidade de Tefé (APICT), da Coordenação Municipal de Assuntos Indígenas e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) na Prelazia de Tefé, e também de caciques, tuxauas e lideranças indígenas das aldeias de Tefé.

“O objetivo da roda de conversa foi discutir sobre a proposta da criação de um coletivo que represente o segmento dos professores indígenas de Tefé”

O objetivo da roda de conversa, que reuniu tantas lideranças, foi discutir sobre a proposta da criação de um coletivo que represente o segmento dos professores indígenas de Tefé, da organização do Fórum para ser um canal e espaço de diálogo, de construção e de lutas coletivas para o fortalecimento da educação escolar indígena, como destaca o professor Jukson Urbano Kambeba da Aldeia Barreira da Missão do Meio.

Para a liderança indígena do povo Kambeba, Tomé Fernandes Cruz, da aldeia Jaraqui e membro da diretoria da UNIPI-MRSA, uma das primeiras lideranças a travar a luta pela educação escolar indígena na região, esse momento é importante para que as novas gerações de professores conheçam a história da luta por uma educação diferenciada.

“Nós precisamos que os professores indígenas dessa nova geração possam saber que existe uma política de educação escolar indígena voltada ao interesse indígena”

Foto: Fábio Pereira /Cimi Regional Norte 1 – Equipe de Tefé

“Uma das discussões importantes nesse momento, é que nós precisamos que os professores indígenas dessa nova geração possam saber que existe uma política de educação escolar indígena voltada ao interesse indígena. O porquê e como nós conquistamos esses direitos. Então, esse fórum tem o papel fundamental de fazer com que esses professores também possam entender que não existe só metodologia. Mas, existe uma política que fortalece os povos indígenas, porque não é só uma proposta, já é uma conquista que precisamos fortalecer. Então, esse Fórum traz para nós essa discussão, com essa comissão formada uma força para que nós possamos discutir melhores diretrizes curriculares, parâmetros curriculares, para fortalecer a nossa forma própria de educar nossa população indígena”, afirma.

Maria Raimunda Kambeba, liderança da aldeia Kanata Ayetu, e membra da diretoria da AMIMSA fala que os desafios do poder público são de, efetivamente, instaurar uma política de educação escolar indígena, específica e diferenciada e que, para isso, é fundamental o diálogo entre o movimento indígena e as instâncias da gestão municipal.

“O maior desafio que nós temos no município de Tefé é organizar a educação indígena”

“O maior desafio que nós temos no município de Tefé é organizar a educação indígena, porque falta diálogo entre as coordenações de educação [da secretaria municipal de educação] e as lideranças indígenas. Porque eles [coordenadores do poder público] esquecem que são coordenadores colocados pelo povo, pela população indígena. Aí eles passam a obedecer só a Semed [Secretaria Municipal de Educação] e esquecem de ouvir também ao movimento indígena, as diretrizes da educação indígena. Então, hoje, os professores estão de parabéns por essa iniciativa. Porque sem educação, a gente não avança, e a gente realmente precisa de uma educação indígena organizada no município de Tefé”, concluiu satisfeita.

“Organizar para melhor reivindicar”. Para o professor indígena Jukson Kambeba, esse foi o principal objetivo do evento que reuniu os professores indígenas de Tefé: “Essa roda de conversa tem como objetivo criar um fórum de educação de professores indígenas do município de Tefé, para que possamos estar organizados e melhor reivindicar os direitos no que tange à educação escolar indígena. Sendo um espaço de propostas e lutas, onde podemos reivindicar em nosso município e fazer com que a nossas escolas tenham educação escolar indígena de fato e de direito, como está na legislação brasileira em vigor”, garante o professor.

“Criar um fórum de educação de professores indígenas do município de Tefé, é para que possamos estar organizados e melhor reivindicar os direitos no que tange à educação escolar indígena”

Foto: Fábio Pereira /Cimi Regional Norte 1 – Equipe de Tefé

Jukson afirma ainda que esse foi um “primeiro passo dado para a criação do FOMEEIT. O próximo passo será no dia 18 de março, com a Assembleia que elegerá seus coordenadores”, concluiu.

Os participantes da reunião propuseram como encaminhamento compartilhar o relatório das discussões feitas para que as aldeias, movimentos indígenas e organizações indigenistas possam acompanhar o processo de organização do Fórum. Outro encaminhamento dado foi a composição de uma comissão formada por lideranças indígenas, professores, indígenas e indigenistas para planejar e realizar as próximas reuniões de organização, concretização a efetivação do Fórum.




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