MANAUS – Os números oficiais são os melhores indicadores para afastar a mentira numa discussão ideológica, como a que se trava atualmente no Brasil em relação à inflação pela direita&extrema x esquerda, entre os adoradores de Bolsonaro e os apoiadores de Lula.
Na segunda-feira (3), em reação a um boné utilizado por parlamentares governistas, a patota da direita&extrema vestiu um boné nas cores verde-amarelo e apareceu com picanha na mão e xícaras de café para reclamar da inflação. Essa turma usa a tática para tentar enfraquecer o governo, mas esquece de que o controle da inflação não foi uma prática do governo passado, ao contrário.
No primeiro ano do governo Bolsonaro – 2019 –, a inflação acumulado foi de 4,31%, um aumento de 0,56 ponto percentual sobre a verificada em 2018, de 3,75%.
Comparemos com o primeiro ano do atual governo Lula – 2023: 4,62%. Como se vê, foi um índice ligeiramente maior que o primeiro ano de Bolsonaro, mas tem um detalhe: na comparação com o ano anterior (último ano de Bolsonaro – 2022), houve uma redução de 1,17 ponto percentual.
No segundo ano – 2020, Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes conseguiram o maior índice de inflação desde 2016, de 4,62%. A meta do Banco Central era 4%. Outra ponderação é necessária: 2020 foi o primeiro ano da pandemia, e a economia ficou travada, com o fechamento do comércio. Mesmo assim, a inflação ficou acima da meta.
No segundo ano de Lula – 2024, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE, foi de 4,83%, ficando 0,33 ponto percentual acima do teto da meta do Banco Central.
Em 2021, o terceiro ano de Bolsonaro, um recorde inflacionário nos últimos 20 anos: 10,06%, muito acima da meta do Banco Central, de 3,75%. Naquele ano, os preços nos supermercados dispararam. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que mede a inflação das famílias com renda de até cinco salários mínimos foi 10,16% naquele ano.
Por enquanto, o terceiro ano do governo Lula tem apenas projeções de inflação. O Banco Central (Boletim Focus) prevê para 2025 um IPCA de 5,5%. No entanto, essas projeções nem sempre se confirmam.
Em janeiro de 2023, o mesmo Boletim Focus fazia uma projeção de inflação de 5,39% para aquele ano, e terminou em 4,62%. Em 2024, o Focus previa inflação de 3,87% e terminou em 4,83%.
Também é preciso que se diga que o Boletim Focus faz uma projeção de inflação ouvindo os representantes das instituições financeiras, que têm interesse em manter a taxa de juros nas alturas. E para manter os juros altos, a desculpa é sempre o risco de inflação. Portanto, quanto maior a projeção de inflação, mas o mercado financeiro tem motivos para pressionar por juros altos.
Voltando à guerra de informação direita&extrema x esquerda, as armas que têm sido usadas são fake news e narrativas ideológicas alicerçadas na mentira. Por enquanto, nas redes sociais, é a direita&extrema que tem levado vantagem.