OPINIÃO
MANAUS – O transporte coletivo de Manaus é um dos piores do país e está cada vez mais rejeitado pela população, que busca alternativas para fugir dos ônibus. A frota é insuficiente, o tempo de espera nos pontos de ônibus e terminais é longa e a segurança nas viagens é sempre uma preocupação, devido ao número de assaltos.
Nos últimos anos, o município tem dado pouca importância para a melhoria do transporte público. A impressão é que há uma situação de abandono, diante do crescimento do número de veículos de aplicativos que se inseriram na frota de Manaus. Primeiro foram os carros, e, mais recentemente, as motocicletas.
Pelo menos três candidatos sabatinados pelo Grupo dos Seis (formado pelos veículos online Amazonas Atual, Portal Único, Blog do Hiel Levy, BNC, Portal do Marcos Santos e Portal Mário Adolfo) descartaram qualquer iniciativa para criar um transporte de massa sobre trilhos, alegando que o custo é muito alto e a tarifa seria impagável pela população.
O transporte coletivo, de fato, tem sido muito pouco discutido e debatido nestas eleições pelos candidatos a prefeito. Há muita propaganda do pouco que foi feito, como o passe livre estudantil e a colocação de alguns ônibus com ar-condicionado. As propostas para a melhoria do sistema aparecem de forma acanhada em algumas propostas de governo que os candidatos são obrigados a apresentar à Justiça Eleitoral.
Pouco se fala do subsídio que governo do estado e prefeitura destinam às nove empresas que operam o transporte coletivo convencional e aos proprietários de veículos do transporte alternativo e executivo. A tarifa de ônibus está congelada há mais de dez anos, e as empresas vêm mantendo o sistema com o subsídio. Ou seja, a tarifa de R$ 4,50 paga pelo usuário de ônibus não é o valor recebido pelas empresas. Um valor significativo é custeado por toda a população, via subsídio.
Dois candidatos incluíram nos seus planos de governo para o município a implantação do sistema BRS ou BRT, com aumento da frota.
Enquanto o poder público não tomar a iniciativa de reinventar o sistema de transporte público, o que inclui um sistema eficiente de ônibus (que pode ser conjugado com outros modais, como o fluvial), diminuindo o tempo de viagem, o público vai continuar fugindo desse tipo de transporte e buscando o transporte individual.
O problema do transporte individual é que ele já estrangulou o sistema viário de Manaus, e vai exigir cada vez mais intervenções, como o alargamento de vias, sinalização inteligente (promessa caduca e nunca executada), e mesmo assim não vai resolver os gargalos do trânsito. Sem os corredores exclusivos (caso do BRT) não há como melhorar o transporte coletivo. Alguns candidatos reconhecem isso, mas é preciso executar o que hoje são apenas promessas.