OPINIÃO
MANAUS – A cada aumento de preço dos combustíveis, o Procon-AM (Instituto de Defesa do Consumidor do Amazonas) “dá tiros para o auto” e anuncia que vai investigar se houve aumento abusivo. Os donos de postos de combustíveis devem dar belas gargalhadas, e o consumidor, com cara de bobo, paga o preço, e nada acontece.
No último fim de semana, os postos de combustíveis elevaram, indiscriminadamente, os preços da gasolina, etanol e diesel. O maior aumento ocorreu sobre o etanol, mas a gasolina e o diesel também tiveram um aumento absurdo e injustificado.
Vejamos: a Refinaria da Amazônia vendeu a gasolina, em maio, por R$ 3,19 o litro em média. No mês de junho, a média de preço do litro ficou em R$ 3,23. Neste mês de julho, o preço foi a R$ 3,52 na primeira semana, e caiu, na segunda semana, para R$ 3,46. Considerado o preço médio de maio, o aumento nos últimos dois meses foi de R$ 0,27 (vinte e sete centavos). Os postos elevaram o preço ao consumidor em R$ 0,60 (sessenta centavos).
A inflação no período (maio e junho) foi de 0,67%. A gasolina foi reajustada em 9,54%, passando de R$ 6,29 para R$ 6,89. O etanol, que custava R$ 4,29, também foi reajustado em R$ 0,60, um aumento de 13,99%.
Se o Procon-AM não consegue enxergar nada nessa movimentação de preços, deveria parar de fingir que fiscaliza.
Os liberais vão defender que o Brasil tem uma economia de livre mercado, e que os donos de postos de combustíveis podem praticar o preço que bem entenderem. Isso é verdade.
Mas a economia de livre mercado não pode ser tolerada quando um segmento do comércio cobra o mesmo valor dos produtos em todos os estabelecimentos. É uma prática abusiva, que tira a chance do consumidor de escolher onde quer abastecer o carro.
As autoridades sabem que existe um cartel dos combustíveis em Manaus, mas alegam que não há como provar que os donos de postos combinam preços.
No fim das contas, quem banca a farra dos postos são os consumidores, que ficam de mãos atadas, sem qualquer opção escolha.