O agro brasileiro conseguiu se valorizar no mercado internacional no ano passado. De acordo com dados compilados pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e divulgados na quinta-feira (19), produtos do setor foram exportados com preços mais elevados em 2022. No comparativo com 2021, a valorização foi de quase 19%.
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Segundo o levantamento da entidade, a cesta de aproximadamente 190 posições SH4 (categorias de produtos) exportadas pelo agro brasileiro a quase todos os países do mundo teve média de US$ 680,59 a tonelada. Valor que representa a elevação de 18,95% sobre o preço médio dos negócios praticados ao decorrer de 2021.
Apesar do crescimento, a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira avisa que a variação deve ser encarada com “cautela” para evitar distorções. Nesse sentido, a entidade cita que a valorização dos produtos do agro brasileiro no exterior pode ser explicada, por exemplo, a alta da inflação global no ano passado. Prestes a completar um ano, a guerra entre Rússia e Ucrânia também é mencionada como outro fator.
Mas pela análise da equipe responsável pelo levantamento, a produção agrícola brasileira teve vez diante da “forte demanda por commodities alimentares no exterior”. Em especial, o material menciona os alimentos passíveis de estoque — o que, segundo a entidade, permitiu aos exportadores ir além de repassar alguns custos, mas como ampliar as próprias margens de lucro.
“Esses dados nos fazem acreditar que os exportadores realizaram lucros importantes em muitos negócios” — Tamer Mansour
“Na maioria dos produtos, os preços subiram para acompanhar a alta nos custos de produção, mas houve muitas situações em que os reajustes ocorreram acima da média geral e significativamente acima da inflação brasileira [5,79%, segundo o IBGE], sobretudo nos itens que lideram a pauta”, observa o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Tamer Mansour. “Há ainda o dólar valorizado em relação ao real favorecendo as margens. Esses dados nos fazem acreditar que os exportadores realizaram lucros importantes em muitos negócios”, complementa o executivo.
Ainda de acordo com a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, as exportações do agro brasileiro somaram US$ 135,157 bilhões em 2022. Quantia que representa avanço de 35,41% sobre o ano anterior. Entre os top 10 da pauta, o café foi o produto que mais valorizou. Os negócios envolvendo o grão foram realizados, segundo o levantamento, a um preço médio 56,93% mais alto, com média de US$ 4.000,42 a tonelada no conjunto dos países importadores do produto nacional. O milho aparece na sequência, com alta de 37,85% e preço médio de US$ 282,65 a tonelada.
A soja figura na terceira colocação do ranking, com alta de 31,75% e preço médio de US$ 591,20 a tonelada. O óleo de soja vem em seguida, com preço médio 23,80% mais alto, no caso US$ 1.512,27 a tonelada. Fechando o top five, as aves valorizaram 22,69%, com a tonelada vendida a US$ 2.007,84.
Nos 22 países árabes, de especial interesse para a câmara de comércio, a cesta do agro foi comercializada a preço médio 14,40% mais alto, no caso US$ 570,84 por tonelada. Comparado ao preço médio das vendas a todos os países, que valorizou 18,95%, esses números sugerem que os árabes conseguiram negociar alimentos a preços mais baixos em relação ao todo do planeta, o que se confirmou em itens importantes da pauta, como:
Houve casos, no entanto, em que os brasileiros conseguiram impor preços mais de seu interesse. Uma dessas situações ocorreu no comércio de frango, produto de destaque na pauta para a Liga Árabe. Os árabes, que vem fazendo aportes bilionários para ampliar a oferta local da proteína avícola e depender menos da ave importada, pagaram em média US$ 2.171,98 pela tonelada do frango brasileiro, alta de 26,35% sobre o preço do ano anterior e ligeiramente acima dos valores praticados globalmente (US$ 2.022,89).
Para Mansour, o prêmio pago pelo comprador árabe aos frigoríficos brasileiros evidencia a competitividade do agro brasileiro, que desde anos 1970 vem se especializando em atender a Liga Árabe, com fornecimento regular de frango de padrão islâmico (halal), em peças inteiras com peso entre 0,8 e 1,2 kg, como prefere o cliente do bloco.
“A alta especialização dos frigoríficos de aves mais uma vez permitiu ao setor colocar frango nos mercados árabes nas quantidades, no padrão, no preço demandados e até mais competitivo do que o frango local subsidiado pelo petróleo”, diz secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
Em 2022, os 22 países da Liga Árabe foram responsáveis por um terço das exportações de frango produzido no Brasil. A região rendeu receitas de US$ 3,169 bilhões, 30,88% de alta sobre 2021. Os volumes cresceram 4,18%, para 4,42 milhões de toneladas, outro indicativo de valorização dos produtos do agro brasileiro.
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