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BRASIL PASSA A CONTABILIZAR CARBONO DE PRODUTOS FLORESTAIS MADEIREIROS

MAIS/ FLORESTA

Publicada em 15/03/23 às 18:59h - 20 visualizações

FONTE: EMBRAPA FLORESTAS


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UM ESTUDO DA EMBRAPA FLORESTAS DEU ORIGEM AO LEVANTAMENTO INÉDITO DE EMISSÕES E REMOÇÕES DE CARBONO DE PRODUTOS FLORESTAIS MADEIREIROS (PFM).  (Foto: Rádio Rir Brasil Amazonas - Direção:Eneida Barauna e Ronaldo Castro - 92 98607-0010)
  • Um estudo da Embrapa Florestas deu origem ao levantamento inédito de emissões e remoções de carbono de produtos florestais madeireiros (PFM).
  • Os PFM são definidos como produtos manufaturados após a colheita da madeira.
  • Uma das conclusões foi a de que produtos com a matéria-prima de florestas plantadas causaram uma remoção de 50,7 milhões de toneladas de CO2 atmosférico, 3,5% do total de emissões do Brasil.
  • Apesar de pequeno, quando comparado a de outros países, esse valor é deduzido da conta final de emissões brutas, o que é estratégico para o País.
  • Para o cálculo foram considerados produtos em uso e em locais de eliminação de resíduos sólidos.
  • Graças ao apelo ambiental, madeiras com tecnologia sustentável começam a ser priorizadas na construção civil.

Um estudo inédito da Embrapa Florestas (PR) começou a mensurar os dados de acúmulo de carbono em produtos florestais madeireiros (PFM), como madeira serrada, painéis de madeira e papel e papelão, bem como resíduos descartados desses materiais. O primeiro levantamento foi elaborado em 2020, utilizando o ano de 2016 como referência, e contabilizou 50,7 milhões de toneladas de CO2 equivalente no País. O número obtido, apesar de ser considerado ainda pequeno, quando comparado a outros países, representa 3,5% do total de emissões de gases de efeito estufa (GEE), e é deduzido da conta final de emissões brutas, o que pode ser cada vez mais estratégico para o Brasil.

Esses dados foram incluídos no Inventário Nacional de GEE enviado à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). O relatório, publicado a cada cinco anos, apresenta um panorama sobre a implementação no País da chamada Convenção do Clima e tem como um dos principais componentes a revisão e atualização do Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa (GEE) não Controlados pelo Protocolo de Montreal.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Florestas Luiz Marcelo Rossi, responsável pela coordenação do relatório sobre a remoção dos PFM, a metodologia do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC-2006) estabeleceu modelos, cálculos e dados de referência, como, por exemplo, a densidade de cada madeira considerada e o teor de carbono dos produtos. “A madeira é composta por carbono em cerca de 50%, assim todo PMF, como um móvel, um livro, uma tábua contém carbono que foi retirado da atmosfera pelas árvores. Dessa maneira o carbono permanece armazenado no produto até que inicie a decomposição e consequente emissão e CO2 após o uso.

Assim, a produção e uso de PMF é uma forma de aumentar a remoção de CO2 da atmosfera contribuindo para redução dos efeitos das mudanças climáticas”, afirma Rossi. A contribuição dos produtos florestais na remoção de CO2 representa cerca de 13% das emissões brutas do setor Uso da Terra, Mudança do Uso da Terra e Florestas (LULUCF).

PRODUTOS CONTABILIZADOS
Os dados brutos de produção madeireira são obtidos do banco de dados estatísticos da Agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (
FAO) e usados nos cálculos do carbono dos produtos florestais. O banco de dados possui informações desde 1961, com atualizações periódicas. “Para o cálculo das estimativas de carbono, considera-se a produção e as    perdas   de    madeira anuais, além do   descarte dos produtos em uso e a  taxa de   decomposição da  madeira, a  qual emite   CO2 para a atmosfera, obtendo-se assim o balanço de carbono desses produtos a cada ano” explica o pesquisador.

Para a estimativa final do estoque de carbono dos produtos florestais madeireiros é considerada a produção de toras que se destina a vários processos industriais, exceto madeira e carvão, já que, pela metodologia do IPCC, essas categorias geram emissão imediata de carbono. “A madeira em tora produzida pelos plantios é transformada em três tipos principais de produtos   industriais: produção de papel e papelão, painéis, chapas e    laminadose     madeira serrada.”, acrescenta Rossi.    Os   produtos são contabilizados até essa etapa de processamento, apesar de a madeira seguir por outros processos de transformação como, por exemplo, painéis que viram móveis, papéis para confecção de livros e madeira serrada para construção de casas.

CONSTRUÇÕES MAIS SUSTENTÁVEIS

O aumento do número de produtos florestais madeireiros, além de estratégico para o País no balanço final de emissões, é um fator que está atrelado a políticas mais sustentáveis, que incentivam o uso da madeira. “A madeira é um bem renovável, em substituição a outros materiais, principalmente na construção civil na qual tem dupla função: além de armazenar o carbono nas estruturas de madeira, também substitui o aço e o concreto, produtos com grande emissão de CO2 na produção”, pontua o pesquisador.

A utilização da madeira em construções é uma prática milenar e muito comum na atualidade, sendo utilizada há várias décadas por países como Canadá, Alemanha, Estados Unidos, Chile, e países escandinavos, entre outros de regiões mais frias. No Brasil (São Paulo e Paraná) também já existem construções modernas feitas de madeira, que usam tecnologia sustentável.  Atualmente, a busca por materiais mais sustentáveis e de menor impacto ambiental – que reduzem a emissão de resíduos e o consumo de água – tem se tornado uma tendência global, o que coloca a madeira em maior evidência no mercado da construção.

A madeira engenheirada passa por processos industriais que otimizam seu desempenho para uso na construção civil e tem sido usada na composição de prédios com dezenas de andares como, por exemplo, o de 85 metros, localizado na Noruega. Há países, como a França, que deram um passo além, ao tornar obrigatório, a partir de 2022, o uso de materiais naturais, como a madeira, em pelo menos 50% dos edifícios públicos financiados pelo estado. Seu objetivo é continuar a melhorar o desempenho energético e o conforto dos edifícios, reduzindo ao mesmo tempo o impacto de emissão de gases de efeito estufa, durante toda a sua cadeia produtiva.

A tecnologia embutida na madeira engenheirada sendo usada nas construções atuais traz muita inovação, minimizando as vulnerabilidades da madeira comum. O processo construtivo atual oferece materiais em madeira com maior potência, durabilidade, segurança e resistência a insetos.

“Nas últimas décadas, priorizamos o uso de tijolos e cimento na construção, o que levou à diminuição da oferta de madeiras de florestas nativas. Culturalmente, casas de madeira passaram a ser vistas como casas mais simples ou pobres. Essa tendência começa a se reverter com avanços na arquitetura de madeira e no desenvolvimento de novos sistemas construtivos, com peças industriais”, diz 
Erich Schaitza, chefe-

 GERAL DA EMBRAPA FLORESTAS.

Schaitza enfatiza que cada vez mais o mundo tem acordado para a madeira como material construtivo de qualidade e com emissões menores do que as de outros materiais. “Daqui para frente, vamos ter que pensar em balanços de gases de efeito estufa em todas as nossas atividades e construir casas de madeira de forma sustentável, o que implica manter mais florestas produtivas e armazenar carbono nas estruturas das casas. Estudos como este, que contabilizam o carbono nos produtos florestais madeireiros, evidenciam o lado positivo de se usar madeira”, aponta.




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