Depois de reagir à abordagem de policiais federais com tiros de fuzil e granadas no último domingo (24), Roberto Jefferson teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva nesta quinta-feira (27).
Os oficiais foram até a casa de Jefferson, em Comendador Levy Gasparian, no Rio de Janeiro, para cumprir um mandado de prisão do ex-deputado por violar as regras do regime de prisão domiciliar. Ao chegar no condomínio, foram recebidos com tiros e ficaram feridos. O ex-deputado se entregou à polícia após passar 8 horas desrespeitando ordens do Supremo Tribunal Federal.
Aliado próximo de Jair Bolsonaro (PL), Jefferson teve a candidatura à presidência impugnada pelo TSE neste ano e foi substituído por Padre Kelmon, outro apoiador do presidente, que esteve no condomínio do ex-deputado durante o ataque para prestar solidariedade.
Veja, a seguir, as principais perguntas e respostas sobre o caso do ex-deputado.
Roberto Jefferson é ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro, presidente afastado do PTB e advogado. Foi apresentador do programa "O Povo na TV" pouco antes de entrar para a política, em 1982. Ficou conhecido também por integrar a "tropa de choque" de Fernando Collor de Mello. Ganhou destaque novamente em 2005 como delator do mensalão – esquema nacional de compra de votos no Congresso Nacional, no qual admitiu ter recebido R$ 4 milhões. Ele foi condenado a 7 anos e 14 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em 2022, Jefferson tentou ser candidato à Presidência da República pelo PTB, mas teve o registro de candidatura negado pelo TSE e foi substituído pelo Padre Kelmon. No dia do ataque, Kelmon chegou a ir até o condomínio do parlamentar para prestar apoio.
Jefferson recebeu o direito de cumprir a pena em regime domiciliar em 2015, mas voltou para o regime fechado em 2021, desta vez investigado por participar de milícias digitais contra a democracia.
Em janeiro de 2022, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, concedeu a Roberto Jefferson o direito de retornar à prisão domiciliar. A defesa alegou que ele estava debilitado em razão de doença grave.
O ministro Alexandre de Moraes revogou a prisão domiciliar de Roberto Jefferson após o ex-deputado descumprir uma série de medidas determinadas no regime, entre elas:
- Receber visitas e passar orientações a dirigentes do PTB;
- Conceder entrevista ao Canal Jovem Pan News no YouTube;
- Promover, replicar e compartilhar notícias fraudulentas.
Moraes também transcreveu falas de Roberto Jefferson para justificar sua decisão, como os xingamentos à ministra Cármen Lúcia.
Sem sair de casa, Roberto Jefferson disparou de fuzil cerca de 20 vezes e atirou três granadas na direção do delegado Marcelo Vilela e da agente Karina de Oliveira. Eles ainda possuem artefatos do explosivo no corpo. A Polícia Federal investiga ainda se o ex-deputado prendeu com fitas adesivas pregos nas granadas atiradas contra os policiais federais.
A rendição de Roberto Jefferson só aconteceu após 8 horas. Ele foi indiciado pela PF por quatro tentativas de homicídio.
Não. E ainda não se sabe como o ex-deputado adquiriu o fuzil e as granadas usadas no ataque. No local, a Polícia Federal apreendeu um fuzil, de calibre 556, uma pistola e 7,7 mil cartuchos de munição dos mais diversos calibres.
As autoridades tentam descobrir como Roberto Jefferson montou um arsenal em casa apesar da prisão domiciliar. O ex-deputado estava com o registro de Caçador, Atirador ou Colecionador (CAC) suspenso.
Jefferson e Bolsonaro são conhecidos de longa data. Os dois se conhecem desde, pelo menos, 2003, quando Jefferson contratou Eduardo Bolsonaro, então com 18 anos, para ser seu assessor.
A aliança entre Jefferson e Bolsonaro é explícita desde a eleição de 2018, mas, em 2022, Jefferson intensificou a campanha a favor de Bolsonaro.
Após o ataque, o presidente disse no Twitter que determinou a ida do ministro da Justiça Anderson Torres ao Rio de Janeiro para acompanhar o caso. Torres teria recuado por receio de ser acusado de prevaricação.
Após o ataque, Bolsonaro chegou a dizer que não tinha fotos com Roberto Jefferson, apesar dos registros feitos no Palácio do Planalto.
O ministro Alexandre de Moraes converteu a prisão em flagrante de Roberto Jefferson em prisão preventiva, quando não há prazo para acabar. A polícia investiga a origem do arsenal encontrado dentro da casa do ex-deputado.
Roberto Jefferson (PTB) no presídio Pedrolino Werling (Bangu 8), no Complexo de Gericinó, desde segunda-feira (24).